Rock In Rio, 4º dia do evento (Parte I)
As reclamações surtiram efeito. Depois de uma primeira semana conturbada, o Rock in Rio voltou aos eixos nesta quinta-feira (29), seu dia extra, marcado por um par de shows excelentes, com pouquíssimo atraso, e infra-estrutura revitalizada. Stevie Wonder e Janelle Monáe, inclusive juntos, mostraram o que a black music tem de melhor. As filas, antes generalizadas, só continuaram nos brinquedos. Comer e beber no festival ficou muito, muito mais fácil.
Confira depois do pulo um resumo das principais atrações da Quinta-Feira
Joss Stone (Foto Oficial do Rock In Rio) |
Ela entrou no palco com uma recepção acalorada do grande público, ainda mais os que estavam perto do palco, que cantaram a maior parte das músicas, do começo ao fim. Usando um vestido roxo e descalça, como em todos seus shows, a cantora fez apresentação semelhante à do SWU 2010.
A cantora conversou muito com a plateia, formada em sua maioria por famílias, que se encantava a cada momento da apresentação. Para conquistar de vez o público, Joss se enrolou em uma bandeira do Brasil antes de fechar o show, com a música 'Right to be Wrong'.
Legião Urbana e Orquestra Sinfônica Brasileira (Foto Oficial do Rock In Rio) |
Dado Villa Lobos, Marcelo Bonfá, seus filhos, Orquestra Sinfônica Brasileira, Rogério Flausino, Dinho Ouro Preto, Pitty, Toni Platão e Herbet Vianna foram o Legião Urbana por uma noite e fizeram a base para o grande vocalista do show, o público presente na pouco estimada quinta-feira (29) de Rock in Rio. Todos sabiam as letras de todas as músicas de Renato Russo que foram tocadas na Cidade do Rock. A emoção foi fortíssima.
A introdução ficou por conta apenas da OSB, que abriu com versos instrumentais falados de 'Eduardo e Mônica' e 'Que País É Esse', com o público cantando forte e dando indícios de que seria um momento épico. Para erguer ainda mais os ânimos começa um vídeo no telão mostrando a carreira toda de Renato Russo até os anúncios de sua morte. Com lágrimas nos olhos de milhares, sobem ao palco Dado Villa Lobos, Marcelo Bonfá e Rogério Flausino com a música 'Tempo Perdido' (Somos Jovens).
O revival anos 90 se seguiu com 'Quase Sem Querer' na voz de Dinho Ouro Preto e da plateia. O revesamento ainda teve Toni Platão cantando 'Quando o Sol Bater Na Janela do Teu Quarto', momento de única descontração do show quando o cantor disse "Fica com Deus, Renato. Daqui a pouco estamos aí", e recebeu uma considerável reprovação do público, que não gostou muito da idéia de morrer 'daqui a pouco'.
Sai Platão e entra Pitty. A baiana apareceu no palco ao som orquestrado da introdução clássica de 'Índios'. Mesmo com a música em um tom impróprio para ela, a cantora puxou o público com muito entusiasmo, e foi intensamente acompanhada. Sem um meio termo, hora com voz esguelada, hora com a voz baixa, a roqueira desafinou mas manteve a classe para o início da faixa 'O Teatro dos Vampiros' na voz do baterista Marcelo Bonfá.
Legião Urbana e Flausino (Foto Oficial do Rock In Rio) |
Foi maior que show de fim de ano do Roberto Carlos, mais emocionante que assistir Titanic. Já quando a introdução da música permitiu a identificação do que seria tocado, muito homem barbado, muita senhora quarentona, e muito jovem com cara de bravo se renderam ao ambiente e se emocionaram com o refrão "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã". Parecia que há muito tempo não cantavam aquilo com tamanha intensidade. "Hoje é um dia que não precisava de vocalista, né?", disse Dinho Ouro Preto.
O vocalista do Capital Inicial, um dos integrantes do Aborto Elétrico, que deu início ao Legião Urbana, era um dos mais empolgados do Palco. O cara parecia que não acreditava no que via, seguiu puxando os versos "O que você vai ser quando você crescer?" por cerca de dois minutos. O sentimento foi tanto que após a apresentação dos músicos, rolou um BIS de 'Será', que já havia sido cantada por Herbert Vianna. A música finalizou um dos momentos certamente mais marcantes da história do Rock in Rio.
Janelle Monáe (Foto Oficial do Rock In Rio) |
O show é dividido em quatro atos - 'Exposition', 'Rising Action', 'Climax' e 'Denouement'; de uma história que conduz a apresentação de Janelle. O conceito dá o tom da apresentação performática, mas sem servir como algo a mais para disfarçar a falta de qualidade musical no palco, a cantora manda logo no começo do set list 'Dance or Die'. E ficou a ordem decretada em todo o show.
Destaque para o cover de 'I Want You Back', em que Janelle declara "We Love You Michael", arrisca um belo 'moonwalk' e alcança as notas que Michael Jackson cantou nos anos 60, no Jackson 5. Na sequência, mais duas músicas impecáveis no palco, 'Cold War' e 'Tightrope', das mais empolgantes de seu disco de estreia 'The ArchAndroid (Suites II and III)', base do show. Ela ainda tocou 'Take Me With You', do Prince, deixando claro suas fontes musicais.
Como faz nos shows desta turnê, a cantora fez uma performance durante a música 'Mushrooms and Roses', em que pintou a imagem o corpo de uma mulher com a palavra love escrita como uma assinatura do quadro. O auge de sua performática interatividade ficou para a música final, 'Come alive', quando ela regeu a plateia em um coro, correu no meio da galera e terminou a apresentação, simulando a morte dela e sua banda. Sem bis, sem agradecer, sem nada, simples e dignamente acabou.
Grace Jones, Michael Jackson, Prince e Stevie Wonder devem estar orgulhosos. Ficou difícil vermos outra apresentação tão criativa, vibrante e impecável no palco do Rock in Rio.