Rock In Rio, 4º dia do evento (Parte II)
Confira abaixo a continuação dos resumos do quarto dia do maior festival de música do planeta. Nesse bloco você confere as apresentações de Ke$ha, Jamiroquai e Stevie Wonder.
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Ke$ha (Foto Oficial do Rock In Rio) |
Em sua apresentação na noite desta quinta-feira (29), no Palco Mundo, a cantora causou no ambiente que era quase todo composto por tiozões e senhoras que adoram Legião Urbana e Stevie Wonder. Ke$ha não deixou o pessoal não prestar a atenção, sua voz ardida e suas danças pra lá de exóticas fizeram um público cativo na pista da Cidade do Rock.
Ela é original, pode-se dizer que é 'roots' do pop. Não se preocupa muito com roupa, cabelo arrumadinho, faz todo o estilo largadona. E não seria este o seu maior triunfo? A cantora tem mais música do que firulas estéticas e, nesse sentido, ela realmente está dando uma contribuição ao pop. Por outro lado, sua voz é toda cercada de samplers autotunados que acabam embaralhando um pouco com o que realmente canta. Mas não poderia ser totalmente 'roots', não é?
Seu show no Rock in Rio começou bem. Veio com 'We R Who We R ', e quem era mais velho achou que a música era famosa ao ver a garotada cantando. Sua performance agradou e se seguiu com 'Take It Off', também cantada por uma boa galera. Mas daí pra frente a coisa desandou na Cidade do Rock. Virou mais um espetáculo de circo e acrobacias do que um show pop. Até mesmo alguns subhits como 'Blah Blah Blah' e 'Cannibal' não levantaram grandes gritos. "Essa mulher é louca", ouvia-se na pista.
Ke$ha (Foto Oficial do Rock In Rio) |
"Eu amo o Brasil, sonhava em tocar aqui desde adolescente!", dizia ela. Mas sabe aquele olhar de fã que morre de medo da estrela não gostar do seu país? Pois é, o show da Ke$ha no Rock in Rio, segundo dela no Brasil, havia tido poucos momentos de grande euforia até ali, muitas músicas eram cantadas apenas pelos fanáticos que passavam mal de tanta emoção em frente ao palco.
Mas a estrela pop foi esperta, já está experiente. Ela guardou o melhor para o final e conseguiu convencer na cidade que ela sempre sonhou cantar. 'Tik Tok' fez o público levantar das cinzas na Cidade do Rock. Quem não conhecia, levantou nem que fosse pra ver o que raios estava acontecendo. Sem mais, nem menos, todos os que estavam sentados levantaram gritando! Então, a cantora - que já tem alguns parafusos a menos - foi à loucura de vez! E com mais declarações de amor, encerrou sua apresentação no Rock in Rio 2011.
Jamiroquai (Foto Oficial do Rock In Rio) |
Usando seu característico cocar de índio, Jay Kay, liderou a onda de funk music que fez a plateia dançar, mas sem se agitar muito, no máximo um passinho pra cá e outro pra lá de uma plateia meio tímida, se assim podemos dizer. Ele apresentou sua faceta disco music, usando e abusando dos clássicos de sua carreira como podia. Apenas a primeira e última música do set list estão em seu disco mais recente, 'Dust Light Star' (2010).
Jay Kay arriscou diversos "obrigados" em português e fez questão de ir aos dois cantos do palco cumprimentar a plateia, que se empolgou mais com 'Love Foolosophy' e 'Deeper Underground', ambas no final do set list. 'Love Foolosophy' foi tocada com introdução initimista, em momento clássico da disco music e até alguns dolos de guitarra. Já 'Deeper Underground' foi apresentada em formato pouco mais eletrônico que a original. O clima ameaçou ficar mais animado, mas já era o fim do show.
O bis ficou por conta de 'White Knucle Ride', do mais recente disco, fechando o clima de discoteca que ameaçou tomar conta da pista da Cidade do Rock, mas parece ter ficado preso dentro de algum globo de luz qualquer.
Esta é a segunda apresentação da banda no Brasil em pouco mais de um ano e meio. Ele esteve no festival Natura Nós em 2010.
Stevie Wonder (Foto Oficial do Rock In Rio) |
Ao som instrumental da banda que introduziu sua entrada no palco, Stevie entrou ovacionado, com palmas de quem aguardava entusiasmado para vê-lo. Nas primeiras canções, Stevie se deitou no palco pra tocar teclado na música 'My Eyes Don’t Cry' e comandou milhares de palmas por toda a arena da Cidade do Rock. Ao levantar, agradeceu a plateia em português: "É muito bom estar aqui".
O show ainda teve uma versão surpreendente de 'The Way You Make Me Feel', música que está no disco 'Bad', de Michael Jackson, segunda homenagem que o Rei do Pop recebe no Rock in Rio esta noite - a primeira foi da cantora Janelle Monaé, que tocou o single 'I Want You Back'. A espetacular 'Higher Ground' veio na sequência. A música, curiosamente, já foi executada no palco do festival, com a banda Red Hot Chili Peppers, no último sábado (24).
Não só o mestre, como toda sua banda, deram grandes exemplos de como fazer música no Palco Mundo do Rock in Rio, vide o solo de guitarra de 'Living for the City' e o peso dos metais em todo o show. Surpreeendendo, uma de suas backing vocals cantou 'Garota de Ipanema', ao lado de Stevie, que fez um solo de gaita e pode sentir de vez o calor do público brasileiro, que cantou a música à capela e por conta própria do início ao fim. Em retribuição, ele tocou 'Você Abusou', de Toquinho.
Por falar em interação, disso Stevie Wonder entende. À esta altura do campeonato, não restava um quadril que não houvesse balançado. O público se entregou à graça do ícone do soul funk e passou a cantar tudo. O repertório também ajudou, foram tocados sucessos como 'I Just Called to Say I Love You' e 'Supertition'. Nesta, o músico recebeu a participação especial de Janelle Monáe, que já havia se apresentado no palco e voltou a levantar o público da Cidade do Rock.
Mantendo a linha amistosa, Stevie fechou a primeira parte da apresentação com um agradecimento caloroso. Ele deu as mãos a outros músicos de sua banda e desfilou pelo palco. Até aí pouco se sabia que não era o fim do show, mas o veterano foi convocado pelo coro da plateia a voltar e retornou, ainda ao lado de Janelle, para fechar o BIS com 'Another Star'.
Assim, o público da Cidade do Rock viu a história da funk e soul music fechando a quarta noite de Rock in Rio, em uma das apresentações que certamente vai entrar para a memória do festival, ao lado de shows como do Queen, no Rock in Rio 1985.